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CIDADES INTELIGENTES: BRASIL TEM POTENCIAL PARA HOSPEDAR ESTRUTURAS TECNOLÓGICAS?

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Em meio aos alpes suíços, uma cabana localizada a 2.883 m de altitude aos pés do Monte Rosa, na cidade de Zermatt, recebe diariamente dezenas de alpinistas que buscam hospedagem antes de retomarem suas jornadas na montanha. A estrutura é simples: alumínio no exterior e madeira no interior. Mas, a quilômetros de distância, uma tecnologia de ponta controla todas as funções da cabana. 


Todos os sistemas técnicos são digitalizados e podem ser controlados remotamente pelo sistema Siemens building technology, da multinacional alemã.


Com capacidade para hospedar 120 hóspedes (cerca de 8 mil pernoites por ano), a cabana Monte Rosa produz mais de 90% de suas necessidades energéticas graças a um sistema fotovoltaico com capacidade de bateria de 215 kWh integrado na fachada e coletores solares térmicos.


No entanto, há alguma relação entre esta remota cabana hi-tech e as estruturas prediais no Brasil? Sim, embora ainda em crescimento, os “prédios inteligentes” são soluções sustentáveis e seguras para a infraestrutura brasileira. 


Na cidade de Curitiba (PR), por exemplo, a Siemens instalou o primeiro hub de desenvolvimento de software global no segmento predial. Assim, a capital paranaense se une a cidades como Chicago, Zug, Munique e Pequim como centro global de desenvolvimento de software.


Operado pela plataforma Building X, uma solução inteligente para edificações — aberta, interoperável e baseada na nuvem — a tecnologia foi projetada para melhorar a experiência do usuário, o desempenho dos edifícios e promover a sustentabilidade.


O Building X integra os mundos físico e digital dos edifícios, consolidando dados de diversas fontes e sistemas, utilizando o conceito de gêmeo digital. Isso permite a criação de uma representação virtual do edifício, oferecendo aos usuários a oportunidade de otimizar recursos e focar em uma operação voltada para as pessoas, desde a concepção do projeto até a fase de construção e operação.


“Nosso compromisso é fornecer inovações que atendam às crescentes demandas por digitalização, automação e sustentabilidade no setor de edificações, mantendo sempre o ser humano no centro da inovação”, explica André Lino, Head da Unidade de Negócios Building Products na Siemens. 


“Por meio do Siemens Xcelerator e do Building X, oferecemos plataformas digitais abertas que possibilitam a transformação digital de edifícios, integrando o mundo físico e digital de maneira eficaz”, inclui.


Com esta tecnologia, as operações de regulação de temperatura, alertas de riscos e outras funções críticas podem ser operadas remotamente por soluções integradas de infraestrutura inteligente. 


André Lino explica que a base dessas operações é a digitalização e a conectividade proporcionadas por plataformas como o Desigo CC e o Building X.


“Por exemplo, o Desigo CC permite o gerenciamento completo de sistemas prediais a partir de qualquer lugar, utilizando tanto um  software de computador quanto aplicativos móveis. Isso significa que os operadores podem monitorar e ajustar parâmetros como temperatura, iluminação e segurança de forma remota, respondendo rapidamente a quaisquer alertas ou necessidades emergentes”, disse.


Esses sistemas são projetados para serem acessíveis de forma simples, via interfaces intuitivas em dispositivos móveis, permitindo que gestores mantenham um controle das operações prediais, independentemente de sua localização física.


Segundo a Siemens, o hub de  Curitiba funciona hoje como um centro de excelência em tecnologia predial, atraindo profissionais especializados para impulsionar a inovação. 


"A criação do hub em Curitiba foi um desafio estratégico, no qual o Brasil competiu com outros locais para sediar esse importante centro de pesquisa e desenvolvimento. A escolha do Brasil ressalta a importância estratégica do país e suCidades inteligentes

A construção segue o conceito de “cidade inteligente”, que, conforme Jamile Sabatini Marques, diretora de Inovação e Fomento na Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), são cidades que usam tecnologias avançadas e dados para melhorar a qualidade de vida, promover a eficiência dos serviços públicos, aumentar a sustentabilidade e otimizar a gestão de recursos. 


“Nestes casos a tecnologia é vista como um meio para atingir esse objetivo. O conceito abrange várias áreas, como transporte, energia, segurança, governança, saúde e educação, com um enfoque em integrar tecnologia para promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo”, disse Jamile ao Byte.


Para a especialista, o conceito de cidade inteligente se torna cada vez mais relevante para o cidadão e para os gestores públicos. Segundo Jamile, a tecnologia pode ser aplicada:


Em hospitais: com o uso de prontuários eletrônicos e sistemas de gestão de saúde baseados em Inteligência artificial, permitindo diagnósticos mais rápidos e a otimização de recursos;


Em escolas: a tecnologia pode ser usada para personalizar o ensino, inclusive dando suporte às crianças com necessidades especiais e gerenciar melhor os recursos didáticos e monitorar a infraestrutura;


Prédios residenciais inteligentes: podem adotar sistemas de gestão energética, automação e monitoramento de consumo de água, promovendo sustentabilidade;


Uso de dados em tempo real: pode ajudar a melhorar a distribuição de recursos, priorizando eficiência e redução de desperdícios, trazendo transparência dos dados para a sociedade.


Como o Brasil pode se tornar referência em cidades inteligentes?

Para Jamile Sabatini Marques, diretora de Inovação e Fomento na ABES, os maiores desafios para o Brasil incluem a infraestrutura tecnológica, a falta de investimentos contínuos e a necessidade de regulamentações claras. 


“A inclusão digital e a alfabetização tecnológica também são entraves importantes, assim como o desafio de garantir que a inovação seja distribuída de forma equitativa em todo o território nacional”, afirma. 


A inclusão nas cidades inteligentes requer políticas públicas que priorizem o acesso igualitário à tecnologia e à internet e, conforme a especialista, é necessário garantir que as inovações contemplem áreas vulneráveis e promovam a inclusão digital.


“Incentivos governamentais para projetos de inovação nas periferias, o fomento à alfabetização digital e o envolvimento da sociedade civil na tomada de decisões são formas de assegurar que as tecnologias sejam acessíveis a todos, e não apenas a uma parcela da população”.



Fonte: Terra.com.br